FONTE: Maria Júlia Marques, Do UOL, em São Paulo, (http://estilo.uol.com.br).
Em um dia ruim, uma forte dor no peito e até nos
braços pode aparecer e nos deixar em estado de alerta tentando entender o que
está acontecendo em nosso corpo. No susto, podemos cogitar um ataque cardíaco e
correr para o pronto-socorro.
É sempre melhor prevenir, mas muitas vezes
confundimos os sintomas e um ataque de pânico pode parecer um infarto.
“Para ter ideia, nos EUA, anualmente cinco milhões
de pessoas vão ao PS com queixas sugestivas de doenças no coração, mas só 500
mil delas realmente têm algo.”
Leopoldo Piegas, cardiologia do Hospital do
Coração, em São Paulo.
Para evitar confusões e tentar manter a calma, veja
algumas dicas que ajudam a diferenciar as respostas corporais.
Estou infartando?
O ataque
cardíaco acontece quando as artérias que irrigam o coração sofrem algum
problema, como o entupimento, e são impedidas de levar sangue até o músculo,
que começa a morrer.
O sintoma mais clássico? Dor opressiva na região do
tórax. Você
sente uma pressão muito forte no peito e é comum sentir os reflexos da dor nos
ombros, nos braços, queixo e até no abdômen.
Quem infarta também pode suar frio e ter falta de
ar.
É possível ter dores por cerca de 20 minutos, o que
mostra que as artérias realmente estão com problemas e você está de fato tendo
um ataque.
Porém, como explicou Antonio Pesaro, cardiologista
do hospital Albert Einstein, em São Paulo, também é possível ter dores por
quatro minutos, que evidenciam que as artérias não entupiram por completo, mas
já estão dando sinais de falhas.
E fique esperto, nem sempre uma dor aguda é
sinônimo de infarto. Médicos afirmam que muitas vezes órgãos que ficam entre o
umbigo e o pescoço podem causar reações fortes e parecer um ataque cardíaco,
como o estômago com gastrite forte, o esôfago com refluxo ou o pâncreas com
pancreatite.
Pode existir confusão, mas só o ataque cardíaco é
conhecido por trazer a sensação de pressão no peito, que pode chegar até as
costas.
Pode ser ataque de pânico?
Imagina estar trabalhando e de uma hora para a
outra sentir palpitação, dor no peito, formigamento nos braços, boca e
rosto, vontade de sair correndo...
Claramente é assustador, e pode ser um ataque de
pânico. No ataque, os sintomas físicos aparecem subitamente e fazem com que a
pessoa imagine desfechos catastróficos de outras doenças (como achar que estão
infartando).
A crise pode durar meia hora, mas na maioria dos
casos leva cinco minutos.
As dores são concentradas no peito, tórax e
pescoço, e não trazem a pressão da dor do infarto, mas podem vir com outros
sintomas como falta de ar, suor, tontura, ânsia de vômito e dor de cabeça.
Apesar da dor no peito, não quer dizer o paciente
tenha problemas no coração, e sim “desregulagens” cerebrais que causam ataques
súbitos de adrenalina, explica Diego Tavares, psiquiatra e pesquisador do
Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).
E é bom deixar claro que ataque de pânico não é
sinônimo de ataque de ansiedade.
O pânico vem sem dar aviso e é uma resposta
corporal. Já a ansiedade, você sabe como é: aquela pulga atrás da orelha que
com um projeto do trabalho, uma briga mal resolvida com o parceiro, uma conta
que não sabe como vai pagar.
Na ansiedade o pensamento vem antes dos sintomas
físicos, mas se eles estiverem muito constantes na sua cabeça podem desencadear
crises com falta de ar, palpitação e tremor do corpo.
Como reagir?
Vá ao
médico. Se você estiver com dor forte no peito e nos braços vá ao
pronto-socorro por garantia.
Leve em consideração a frequência e força da dor,
além do quadro de saúde: sua idade, se é fumante, se tem alguém histórico
familiar ou doenças como diabetes e hipertensão, que aumentam as chances de um
problema no coração.
O médico deve pedir um eletrocardiograma para ver a
saúde do coração e pode fazer exames de sangue que provam se as células do
coração estão morrendo.
Descartando problemas cardíacos, é importante
investigar o quadro.
Ataques de pânico podem ser um efeito isolado de
uma situação crítica, mas podem se tornar recorrentes e desencadear síndrome do
pânico. A doença é tratada com remédios ou análise, dependendo da gravidade.
Nos momentos de crise de pânico, uma dica valiosa é
ter alguém por perto para ajudar a acalmar o paciente. Uma vez que a pessoa
sabe que tem crises e não está infartando, você pode segurar a mão dela, pedir
que respire fundo, dar água e gentilmente mostrar que os minutos estão passando
e que a crise deve terminar em breve.
Com o apoio, consciência e foco, o paciente tende a
baixar os níveis de adrenalina e recuperar o controle corporal.
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