Muitos pais ficam
preocupados com a exposição exagerada das filhas nas mídias sociais. O ritual
envolve produção, maquiagem, fotos em diversos ângulos, teste de filtros,
retoques com ajuda de aplicativos e, depois da postagem, as checagens
constantes para ver quem curtiu ou comentou. Mas será que esse culto à
aparência é saudável?
Um grupo de
pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, entrevistou 278 garotas de
14 a 17 anos para tentar responder a essa dúvida. Eles concluíram que a mania
das selfies veio para ficar e, de modo geral, não deve ser vista como um
problema pelos pais, exceto quando o tempo investido na atividade e a
preocupação com as avaliações dos outros parecerem excessivas.
Segundo a equipe,
coordenada pela professora Jennifer Stevens Aubrey, garotas que passam horas
investindo na produção da “selfie perfeita” e na edição das imagens têm uma
tendência à “auto-objetificação”. Isso significa que elas internalizam a ideia
de que são um objeto para ser visto e admirado, o que pode levar a problemas de
autoimagem, ansiedade, depressão e transtornos alimentares.
Em artigo no Journal
of Children and Media, os pesquisadores explicam que garotos também podem
passar por isso, mas o fenômeno é mais frequente entre as garotas. Assim como é
mais comum que elas publiquem fotos com foco exclusivo na aparência, e não na experiência
(como é o caso de quem publica selfies em passeios, festas ou viagens).
Outro estudo publicado
em janeiro deste ano no periódico Sex Roles trouxe conclusões
parecidas. Ao entrevistar 164 estudantes do sexo feminino, pesquisadores da
Universidade Mary Washington, encontraram sintomas depressivos e
auto-objetificação naquelas que tiravam dezenas de selfies antes de publicar no
Instagram e abusavam da edição das imagens.
Cerca de 93 milhões de
selfies são publicadas a cada dia no mundo, de acordo com uma estimativa da
Google. Claro que os adolescentes querem publicar as suas. Testar aplicativos
que apagam espinhas e afinam o rosto pode ser muito divertido, e ninguém
precisa se privar dos prazeres da tecnologia. Mas se isso virar obsessão, vale
a pena lembrar que há coisas mais importantes do que a aparência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário