terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

MAIS DE 31 MILHÕES DE BRASILEIROS SOFREM COM ENXAQUECA...



FONTE: Poliana Antunes, Tribuna da Bahia, Salvador, https://www.trbn.com.br/

Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% da população brasileira, a maioria entre 25 e 45 anos convive com a doença.

               

Muita gente provavelmente já sentiu uma dor de cabeça e em seguida tomou um analgésico. Portanto, essa medida não adianta muito, para mais de 31 milhões de brasileiros que convivem atualmente com enxaqueca crônica. Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% da população brasileira, a maioria entre 25 e 45 anos convive com a doença. Ainda de acordo com a OMS, a enxaqueca é a sexta doença mais incapacitante do mundo.

No Brasil, é estimado que apenas 56% dos pacientes com enxaqueca procuram atendimento e, destes, apenas 16% se consultam com especialistas em cefaléias, popularmente conhecida como “dor de cabeça”. Um estudo feito em duas Unidades Básicas de Saúde (SUS) encontrou prevalência de 45% de enxaqueca nos pacientes com queixa de cefaléia.

Esse tipo de sofrimento, causado pela enxaqueca é conhecido por Patrícia Pereira, que desde a infância sofre com a doença. Com 40 anos, a professora universitária tem uma das formas mais incapacitantes da doença, sofrendo efeitos na sua visão, tato e fala. Ela conta que já chegou a se ausentar algumas vezes no trabalho por ter crises consecutivas.

“As crises são tão intensas, que penso, mas não consigo falar. A enxaqueca me deixa aérea, como se eu não tivesse controle do que eu estou fazendo. É muito traumatizante. Já cheguei até desmaiar algumas vezes”, conta a professora.

De acordo com a OMS, quando se trata de crianças, a doença atinge entre 3% a 10% desse público, afetando igualmente ambos os sexos antes da puberdade. Após essa fase, o predomínio é no sexo feminino. Entre as mulheres, o problema chega atingir 25%, mais que o dobro da prevalência entre os homens, segundo o Ministério da Saúde.

A enxaqueca é facilmente confundida com uma dor comum. Mas, de acordo com a Academia Americana de Neurologia, não é necessário passar por exames de imagem para o diagnóstico. Basta preencher os critérios que identificam a enxaqueca para que o tratamento possa ser iniciado.

A neurologista Thaís Martins, membro da Sociedade Brasileira de Neurologia, explica que a dor ocorre só de um lado da cabeça, com intensidade moderada a intensa, normalmente pulsante, que dura entre quatro e 72 horas, e costuma vir com outros sintomas, como náusea, vômito, tontura, sensibilidade à luz e ao barulho. “Esses são os pontos a serem avaliados”, disse.

Para quem sofre de enxaqueca, o impacto social, econômico e emocional é inevitável. “O paciente não presta atenção nas coisas, não trabalha ou estuda bem e tem certas áreas da memória afetadas”, revela à neurologista. A dor pode ser episódica ou crônica, e a doença pode ocorrer com aura ou sem aura. Um sintoma neurológico, como, por exemplo, uma alteração visual.

A especialista ressalta que é necessário tomar o medicamento adequado para cada situação, uma vez que o uso em excesso de cafeína, presente na maioria dos medicamentos contra enxaqueca, pode piorar o quadro de cefaléia mais simples.

“Os remédios para enxaqueca possuem um vasoconstritor associado a analgésicos, usado para reduzir os vasos dilatados. Para esses casos, eles funcionam bem. O consumo inadequado de comprimidos pode piorar dores de cabeça do tipo tensionais, pois a cafeína não ajuda o corpo a relaxar”, alerta.

Segundo a médica, possíveis causas para as crises em enxaqueca variam de indivíduo para indivíduo, sendo que em alguns não há presença de nenhuma causa específica. “Entretanto, os gatilhos de enxaqueca mais comuns são estresse, jejum intermitente, dormir mais ou menos horas do que o de costume, mudanças bruscas de temperatura e umidade, odores fortes, esforço físico excessivo, luzes e sons intensos, abuso de medicamentos, incluindo analgésicos, fatores hormonais, consumo de certos alimentos e bebidas”, ressaltou.

O tratamento para enxaqueca é prioritariamente medicamentoso. Porém, antes de iniciar o tratamento para enxaqueca, é necessário saber se o diagnóstico está correto e qual o fator desencadeante dela. “No geral, o melhor é evitar esses desencadeantes e tomar o medicamento indicado pelo médico quando uma crise aparecer”, revela.

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