FONTE: *** ARTIGO DE ESPECIALISTA, (www.minhavida.com.br).
Apesar de comum, os sinais podem ser confundidos
com outras doenças e atrasar o diagnóstico.
Em primeiro lugar, é preciso entender o que significa o
termo hipotireoidismo. A
glândula tireoide produz
diariamente seus principais hormônios, T3 e T4, em quantidades
suficientes para o bom funcionamento do organismo. O
hipotireoidismo ocorre quando a tireoide, por algum motivo, passa a
produzir seus hormônios em quantidades menores do que o organismo necessita.
Como os hormônios tireóideos são responsáveis, entre
outras coisas, pelo aumento da velocidade das reações químicas, a carência
desses hormônios resulta na diminuição da atividade do metabolismo. Isso leva
ao aparecimento de vários sintomas e sinais clínicos, que podem variar em
intensidade e ocorrer isoladamente ou em diversas combinações. Os principais
sinais e sintomas do hipotireoidismo são:
- Alterações do ciclo e do fluxo
menstrual
- Aumento da pressão arterial
diastólica
- Aumento de peso
- Aumento do colesterol total e
incremento do LDL colesterol
- Cabelos secos e frágeis
- Cãibra
- Cansaço
- Constipação intestinal
- Depressão
- Derrame pericárdico (acúmulo de líquido entre o
coração e a membrana que o envolve)
- Derrame pleural (acúmulo de líquido entre as
membranas que envolvem os pulmões)
- Diminuição da memória
- Diminuição do número de batimentos
cardíacos por minuto
- Diminuição do reflexo dos tendões
- Dispneia (sensação de falta de ar)
- Dor nas articulações
- Dor
muscular
- Espessamento da língua
- Fraqueza
- Inchaço de mãos, pernas e pés
- Inchaço no rosto, especialmente das
pálpebras
- Intolerância ao frio
- Mãos e pés frios
- Parestesias (formigamentos)
- Pele
seca,
delgada, pálida ou amarelada (excesso de caroteno - carotenose)
- Piora de apneia do sono
- Queda
de cabelos e/ou pelos
- Raciocínio lento
- Redução da acuidade auditiva
- Redução da transpiração
- Redução do sódio no sangue
- Rouquidão
- Sonolência
- Voz mais grave
A causa mais frequente do hipotireoidismo no Brasil é a
tireoidite autoimune (tireoidite de Hashimoto), na qual o organismo produz uma
reação imune contra a glândula que pode resultar na destruição progressiva da
glândula. Neste caso, geralmente os sinais e sintomas aparecem de maneira lenta
e gradual e, por isso, podem passar despercebidos. Manifestações comuns no
início da doença, como cansaço, fraqueza, dores musculares e articulares, ganho
de peso, alterações menstruais e pele seca podem ser atribuídas a outras
causas. Isso contribui para retardar o diagnóstico da doença.
Outras causas comuns de hipotireoidismo são a carência de
iodo na dieta, a destruição do tecido tireóideo por iodo radioativo usado para
o tratamento da doença de Graves e a
cirurgia de ressecção parcial ou total da tireoide, utilizada para tratar a doença
de Graves ou o câncer de tireoide.
É importante ressaltar que há algumas situações que podem
requerer a investigação de hipotireoidismo, tais como, em mulheres que apresentam
alterações menstruais e dificuldade para engravidar, bem como nos indivíduos
que exibem colesterol elevado. Como o hipotireoidismo é mais frequente em
pacientes idosos, é importante valorizar a presença de sintomas de
hipotireoidismo nesses pacientes. Há várias outras situações em que a
investigação pode ser necessária, como, por exemplo: mulheres grávidas,
história familiar de doença de tireoide, mulheres acima de 60 anos, cirurgia de
tireoide prévia, tratamento prévio com iodo radioativo, presença de bócio
(aumento da tireoide) etc. (Brenta et al, 2013).
O aparecimento do hipotireoidismo pode ocorrer,
inclusive, nos recém-nascidos (congênito) e, neste caso, é uma das causas mais
frequentes de retardo mental. As crianças e adolescentes também estão sujeitos
ao desenvolvimento da doença que provoca frequentemente, além das manifestações
do hipotireoidismo, a diminuição da velocidade de crescimento, diminuição do
rendimento escolar e atraso no desenvolvimento sexual.
Quando há presença de sintomas e sinais clínicos, os
pacientes devem ser submetidos ao exame de sangue para investigação de
hipotireoidismo. Os mais importantes para confirmar o diagnóstico de
hipotireoidismo são as dosagens sanguíneas de tireotropina (TSH) e tetraiodotironina livre (T4 livre). Na grande maioria das vezes, são suficientes para
estabelecer o diagnóstico do hipotireoidismo (Roberts et al., 2004).
Deve-se ressaltar que é importante repetir esses exames,
especialmente quando pouco alterados, para confirmar o diagnóstico da doença. A
pesquisa do hipotireoidismo no recém-nascido é realizada pelo teste do pezinho.
Podem ser solicitados, também, exames com a finalidade de
estabelecer a causa do hipotireoidismo. No caso da tireoidite de Hashimoto, os
níveis de anticorpos antitireóideos no sangue (anticorpos antiperoxidase
tireóidea e antitireoglobulina) estão aumentados na grande maioria dos
pacientes. A ultrassonografia é
muito útil tanto para pesquisar a causa da doença, como para descartar
a presença de nódulos tireóideos.
Uma vez confirmado, o hipotireoidismo requer o início do
tratamento com levotiroxina. É sempre
oportuno mencionar que o hipotireoidismo não tratado durante a gestação,
pois aumenta o risco de problemas para a mãe a para o feto. Entre estes
problemas estão o aumento da incidência de abortamento espontâneo, parto prematuro, pré-eclâmpsia, prejuízo
do desenvolvimento intelectual e psicomotor do feto.
Por fim, vale ressaltar que o hipotireoidismo é a
deficiência hormonal mais comum, potencialmente séria especialmente em
recém-nascidos, crianças e gestantes e, frequentemente, passa despercebida. Em
contrapartida, é de fácil diagnóstico e tratamento.
Referências:
Brenta et al. Clinical
practice guidelines for the management of hypothyroidism; 2013
Roberts et al.
Hypothyroidism; 2004
ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA - CRM 55221/SP
ESPECIALISTA
MINHA VIDA.
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