FONTE: *** Jairo Bouer (http://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Um adesivo para tampar a cabeça do
pênis está à venda na internet. Isso mesmo. Uma empresa de Las Vegas, nos Estados
Unidos, lançou, em “versão beta”, um produto chamado Jiftip, que nada mais é do
que isto – uma espécie de “mini post it” para ser colado na saída da uretra, o
que supostamente impediria o vazamento de esperma ou líquido pré-ejaculatório
durante o sexo. O objetivo, segundo o site, não é evitar uma gravidez ou DSTs
(doenças sexualmente transmissíveis), mas o projeto traz uma forte mensagem de
desprezo à camisinha, o que é preocupante.
Se a ideia não é substituir o
preservativo, então qual a vantagem de usar um produto como esse? “Use apenas
por prazer, conveniência, novidade ou diversão. NÃO USARÁS ISSO PARA EVITAR A
GRAVIDEZ OU PARA A PREVENÇÃO DE DST”, diz o site, assim mesmo, com esse tom
irônico. Cada embalagem com três adesivos custa 6 dólares (ou quase 20 reais).
Não gostou? É só pedir reembolso. E não precisa devolver, é claro.
Importante esclarecer (pois é preciso
navegar um pouco no site para achar esta informação) que é necessário tirar o
adesivo antes de ejacular. Como mencionaram alguns especialistas procurados
pela imprensa internacional, que deu destaque à novidade nos últimos dias,
bloquear a saída do esperma pode ser algo doloroso, e até causar alguma lesão
interna, se é que a cola do produto funciona mesmo. E descolar o adesivo do
pênis não dói? Provavelmente sim, é pode até causar irritações.
Qualquer pessoa tem o direito de
gastar seu dinheiro com o que quiser. O problema são as diversas mensagens que
os desenvolvedores do projeto espalham na internet. Para começar, o slogan é
ambíguo: “Sinta seu parceiro. Sinta a liberdade. Sinta-se seguro”. Um usuário
mal-avisado que queira participar do teste pode se dar mal se achar que está
protegido de alguma coisa com o produto. Mas o pior são os posts nas redes
sociais: “Você odeia camisinha? Seu pai também. Deve ser algo hereditário”, diz
um dos posts do Jiftip no Facebook. “No meu tempo, o sexo era melhor sem
embalagem. E você quer saber? Ainda é”, comenta outro.
No mundo inteiro, a gravidez
indesejada continua a ser um problema sério, bom como as DSTs. Hoje é possível
conviver com a Aids, mas o tratamento tem efeitos colaterais, exige disciplina
e é para a vida toda. E, cada vez mais, tem surgido casos de micro-organismos
resistentes aos medicamentos, como a “supergonorreia”. Espalhar mensagens que
desestimulem o uso de camisinha é no mínimo irresponsável. Então se essa moda
chegar ao Brasil, você já sabe: não caia nessa. Liberdade e segurança, só mesmo
com a boa e velha camisinha.
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