Novo
termo, retirado de "Festa de orgia para homens", é utilizado por quem
não se encontra nos já existentes.
Quando um homem tem
relações com pessoas do mesmo gênero e — eventualmente — também do sexo oposto,
ele é bissexual, correto? Para alguns, nem sempre essa nomenclatura se
enquadra. E assim surgiu o termo hétero flex. O tema é abordado no livro “Festa
de orgias para homens”, do antropólogo niteroiense Victor Hugo Barreto.
O pesquisador, doutor
em antropologia pela UFF, fez um mergulho etnográfico, por quatro anos, em
festas na cidade do Rio onde homens que se identificam como heterossexuais
mantêm relações entre si.
— Estudo a sexualidade
há oito anos e acho bacana que as pessoas estejam experimentando. Mas percebo
que, por mais que a prática nessas orgias seja homossexual, os homens não
querem se identificar como gays. São heterossexuais flexíveis, mas também
poderiam ser chamados de homossexuais flexíveis — observa Barreto.
O termo “hétero flex”
foi também usado pelo psicólogo especializado em terapias sexuais Juan Macías,
em entrevista ao jornal “El País”. Segundo ele, “conceitos como hétero flexível
ou hétero curioso estão permitindo aos homens explorar sua sexualidade sem a
necessidade de questionar sua identidade como heterossexuais”.
Na pesquisa, Barreto
identificou regras para homens participarem das orgias: precisam ter aparência
máscula, ser discretos e “safados”:
— Um dos que
entrevistei era um advogado carioca, da Zona Sul, 40 anos, casado e pai de dois
filhos. Naquele dia, ele estava apressado, depois de participar de uma (orgia
com homens) porque a sobrinha havia nascido e ele encontraria a mulher e as
crianças. Assim é a realidade de tantos outros que frequentam esses ambientes.
Segundo o antropólogo,
essas festas acontecem em saunas, clubes de swing e salas comerciais. São
eventos secretos. Os homens têm que deixar celulares guardados e só entram nas
salas de sunga, cueca ou pelados.
Para a sexóloga Carla
Cecarello, eles podem não se ver como gays, mas têm uma homossexualidade
latente:
— Por questões
religiosas e familiares, acabam nem cogitando essa possibilidade. Na orgia, se permitem.
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