FONTE: Marília
Moreira ( ),
CORREIO
DA BAHIA.
Canções que só
haviam sido tocadas na vitrola, em vinil, estão disponíveis para serem baixadas
ou ouvidas em streaming.
É
só chegar junho para o forró reinar quase que absoluto na maioria das festas e
aparelhos de som do Nordeste. Hoje o que se chama de forró vai muito além dos
ritmos tradicionais como o baião, a quadrilha ou o xaxado e já alcança versões
mais contemporâneas como o forró universitário e o eletrônico.
No entanto, quem não abre mão do dois pra lá e dois pra
cá e gosta mesmo de dançar agarradinho ao som de um bom pé de serra ganhou, no
início deste mês, a oportunidade de reviver, em formato digital, a obra de Luiz
Gonzaga (1912-1989), o maior nome da música nordestina.
Isso porque a Sony Music Brasil, detentora dos títulos
originais do Rei do Baião, relançou parte da discografia do artista. Agora,
canções que só haviam sido tocadas na vitrola, em vinil, estão disponíveis para
serem baixadas ou ouvidas em streaming.
Tesouros.
Gonzagão é o quarto tesouro do
catálogo da gravadora a ganhar lugar nas plataformas digitais. Antes dele, a
discografia do Planet Hemp, Bezerra da Silva e Jackson do Pandeiro já havia
sido relançada no formato.
No total, foram disponibilizados 15 álbuns do Velho Lua,
lançados originalmente entre 1970 e 1988. Neles, há duetos de Gonzagão com
Alceu Valença, Geraldo Azevedo, além de participações de Sivuca, Dominguinhos e
Altamiro Carrilho.
Uma
boa pedida para quem quer sentir o clima das festas juninas do interior é
escutar o disco Luiz Gonzaga & Fagner (1984), onde sucessos como São João
na Roça, Baião e Boiadeiro ganham releituras que pegam fogo, e que, em 1988, se
completam com as versões de Vem Morena, ABC do Sertão e Xamego, registradas na
continuação da parceria, em Gonzagão & Fagner 2 - ABC do Sertão.
Com o filho Gonzaguinha, o Rei do Baião divide Asa
Branca, música que em março deste ano completou 70 anos. Marca registrada de
Gonzaga, Asa Branca canta a saudade do amor perdido com o exílio forçado devido
à seca. A força da canção pôde ser vista em 2009, quando a Revista Rolling
Stone Brasil publicou uma lista com as 100 maiores músicas da história do país.
Um honroso 4º lugar, ficando atrás de clássicos como Carinhoso, Águas de Março
e Construção.
Polêmica.
Na última semana, Asa Branca
esteve no centro de uma polêmica, devido a uma versão pornográfica feita pelo
funkeiro paulista MC Yuri. A música Festa Junina da Putaria colocou sobre a
melodia do clássico nordestino uma letra de cunho sexual, que revoltou a
família de Gonzagão.
Em postagem feita no Facebook, o filho de Gonzaguinha,
Daniel Gonzaga, criticou a versão. “Achei mais uma fuleiragem de garagem do que
um hit.... Nem engraçado achei. Deem atenção não que passa. Se ficar falando
nisso... volta. Ajudem o ostracismo a fazer seu trabalho”, escreveu. Nas redes
sociais, muitas foram as pessoas que consideraram a versão do MC um desrespeito
à obra do Rei do Baião e digna de processo judicial.
Asa Branca foi composta por Luiz Gonzaga ao lado do
médico Humberto Teixeira (1915-1979) e passou dois anos para ser concretizada.
Essa é só uma das muitas faixas compostas em parceria com Teixeira, que
inclusive é homenageado por Gonzagão na música Doutor do Baião, presente no
disco De Fiá Pavi (1987).
O clima de homenagem também dá a tônica do disco O Canto
Jovem de Luiz Gonzaga (1971), uma homenagem aos grandes nomes da cena musical
brasileira, a quem Gonzaga então comemorava fazer companhia na lista de
atrações dos grandes shows e festivais do país.
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